1. Como será a oficina? E quando?
Não será uma oficina. Mas um programa de escrita criativa, com ementa própria e exclusiva, com um longo e prazeroso campo a percorrer.
2. Há alguma diferença?
Sim. Este programa não tem prazo para acabar, mas é modular, e parte do mais simples ao mais complexo na escrita criativa. No Recife, ocorrerá de junho a agosto. Em São Paulo, em setembro. Para participar, só é preciso garantir a vaga pelo email: srescritacriativa@gmail.com. Ali serão respondidas perguntas como vantagens, local, horários, etc.
3. Como essas oficinas funcionam? Como se organizam?
Os encontros acontecem duas vezes por semana. E são coordenados por mim, pessoalmente.
4. São grupos? Quais as atividades?
São turmas limitadas. Trinta pessoas, no máximo. As atividades envolvem leitura, exercícios de percepção visual, técnicas de pintura, até, leitura em voz alta, dramatização de textos, além de compreensão de texto e escrita, claro, embora o participante fique à vontade para aventurar-se nisso.
5. Quem costuma procurar esse tipo de aconselhamento?
O método não é para escritores profissionais. Claro, eles podem até participar, mas dou sempre preferência a quem está começando, quem e está mais a fim de aprender do que transformar as aulas em pole dance ou laboratório pessoal.
6.Como as pessoas chegam? Com muitas ideias e pouca técnica? Ou em busca de inspirações?
Testei o método em algumas ocasiões e é essa a primeira vez, no Recife, que trago o curso numa extensão maior. As pessoas chegam desconfiadas, na maioria das vezes. Mas durante o processo, porque é um método que ensina a pensar, sobretudo, a literatura, e o texto literário, começam a discernir mais, reconhecer quando um texto é bom ou é ruim. E, quanto à inspiração, esqueça: não acredito nisso. Arte é técnica, que é treino e conhecimento. Acredito em trabalho.
7. Como saem dessa experiência? O que acrescentam à bagagem?
Saem, pelo menos, melhores leitores do que entraram. Essas pessoas desenvolvem discernimento crítico e isso pode ajudá-las tanto na leitura de um texto como na forma como se relacionam com outras pessoas. Elas tendem a melhorar a concentração, desenvolvem a autocrítica e entendem melhor suas emoções. E isso não é pouco.
8. Que experiências pessoais leva para essas oficinas em forma de dicas?
Uma: a principal: não há dicas. Em literatura, você está sozinho com o texto. Não há atalho para o poema. Só você e o sentimento do mundo, diria Drummond. Não há resumo para o romance, não há fórmula para o conto ou para o roteiro. Há a técnica, que é conhecimento mais treino. A técnica liberta o talento, como disse Maiakovski.
9. Pode citar algumas dicas para quem quer se tornar escritor? Tem alguns conselhos principais?
Ninguém se tornar escritor se não sabe ler, ler de verdade. Não há como fugir disso. Aqui, vai um conselho básico: inscreva-se no meu curso.
10. O que é necessário para manter ativa a criatividade?
Saber olhar em torno. Não se contentar com o rumo natural das coisas. Aprimorar os sentidos, sobretudo a audição. Ouvir mais. Falar menos. Assistir menos TV, atuar menos nas redes sócias e mais no seu bairro. Isso deixa a mente acesa.
11. O que é escrita criativa? Como você definiria?
O termo tenderá a perder o sentido, em breve. Uso-o porque não gosto do termo oficina: me lembra ofício, trabalho, profissão, e no momento estou querendo lidar menos com escritores e mais com gente que quer aprender a se emocionar ou voltar a se emocionar de verdade com um texto, seu ou de outro.
As pessoas, candidatas ou não a escritores, estão falando igual, transando igual, se vestindo igual, escrevendo igual. Quanto ao último tema, muitos culpam as oficinas literárias (como se elas ensinassem a escrever, que não ensinam). Tampouco eu não gostaria de criar curso de formação de escritores, como é comum no meio universitário americano e noutros países. Claro que o conteúdo do programa de escrita criativa aguça certa consciência autoral, etc, mas aí o assunto é mais embaixo, não é no meu curso e em nenhum que ele vai se resolver com a literatura. Ela exige bem mais. E sempre mais.
Escrita criativa é um modelo singularíssimo de conviver com certo monstro particular da verdadeira literatura que mora em você e sair vivo todos os dias dessa experiência.
12. O que faz um bom escritor?
Deus toca no ombro dele. Brincadeira. Este é um dos temas de nossas aulas. Por que continuamos falando de Dostoiévski e Shakespeare? O que os faz tão bons assim?
Nesta conversa com a jornalista Larissa Lins
– onde Sidney Rocha promete
não ensinar a escrever – o escritor e editor
apresenta os fundamentos do seu
Curso de Escrita Criativa,
fala sobre as expectativas das pessoas,
sobre como o ato de escrever tem a ver com
o ato de pensar e também com a forma de se sentir
o mundo, e de como a busca por uma "voz" própria
tem mais a ver com emoção e coragem
para enfrentar seu próprio ritmo,
do que se prender a 'dicas' ou fórmulas

